11 de Março de 2020
Documento em destaque
Gripe Espanhola
A pneumónica, ou gripe espanhola, matou dezenas de milhares de pessoas nos anos de 1918 e 1919. Foi, talvez, a maior pandemia mundial conhecida até hoje, causando mais mortes que a Peste Negra ao longo de vários séculos ou a I Guerra Mundial. Estudos mais recentes apontam para a morte de cinquenta a cem milhões de pessoas em todo o mundo.
Em Portugal a “gripe espanhola” chegou a meio de 1918 e, em cerca de dois anos, dizimou dezenas de milhares de pessoas levando a que algumas zonas do país perdessem 10% da sua população.
O combate à doença, liderado por Ricardo Jorge, então Diretor Geral da Saúde, passou pelo encerramento de escolas, proibição de feiras e romarias. Para tratamento dos doentes foram requisitados dezenas de espaços públicos que passaram a funcionar com enfermarias mas, o número de vítimas era tão grande que ao longo de várias semanas se viveu uma situação de caos.
Do fundo da Delegação de Saúde da Guarda http://digitarq.adgrd.arquivos.pt/details?id=1233661 destacamos este mês dois documentos, pertencentes à série “Correspondência recebida e expedida”:
- O primeiro, datado de 3 de setembro de 1918, é uma comunicação do Sub-delegado de Saúde de Gouveia, Antonio Pires, para o Delegado de Saúde do Distrito da Guarda, Lopo de Carvalho onde comunica “grassar nesta villa e algumas freguezias do concelho, com bastante intensidade, a grippe pneumonica” e que “a providencia de que melhores efeitos se poderão tirar, é o internamento e consequentemente o isolamento”.
- O segundo, datado de 28 de setembro de 1918, é cópia de um telegrama enviado por Lopo de Carvalho, ao Diretor Geral de Saúde Pública, onde dá conta de “Noticias (..) aterradoras grippe pneumonica grassa em grande intensidade em Sabugal, Quadrazaes, Moita, Castelleiro (…) são milhares de doentes (..) doentes há que morrem em 16 e 18 horas de doença”.